segunda-feira, 2 de março de 2009

Pela curiosidade de ver onde o sol se esconde.


Uma amiga poeta escreveu outro dia: “Amores possíveis não dão bons filmes, meu bem”. Trocadilhos à parte, eu tenho que concordar que o filme não é bom. É baseado naquela fórmula de Corra, Lola. Corra, que sugere como teria sido sua vida a partir de cada escolha que você pudesse ter feito. Mas não é por isso que o filme não é bom. O tema está saturado no cinema mas é bacana. Faz pensar.

Uma vez fiz uma escolha que percebi, no ato, ter mudado o rumo da minha história. Pedi à minha mãe pra sair de uma escola boa e ir pra uma ruim. Tinha um motivo fútil, que não convenceu, e um precipitado: queria resolver minha vida profissional. Achava que era simples assim. Então, fiz o segundo grau em uma escola técnica, dessas que acabaram com o ensino no Brasil. Segui apenas por dois anos a tal profissão e, quando me vi infeliz, tratei de buscar o caminho que já havia me seduzido. Vestibular, faculdade, estágios. E hoje eu sou publicitária. Desempregada no momento, é verdade. Mas não infeliz. O primeiro caminho, que eu felizmente abandonei, serviu apenas para colocar pessoas em minha jornada. Nessa escola ruim, fiz um amigo e uma amiga. O amigo foi-se embora pra Belém. Através dessa amiga, que também se foi, conheci um cara que me fez sair dos trilhos. A amiga ainda me trouxe uma analista que me ajudou a voltar pros trilhos.

Essa escola serviu também para me indicar a uma empresa. Lá, tive um chefe que me ajudou a ingressar em minha segunda profissão. Foi lá que conheci mais duas de minhas melhores amigas. E comecei um namoro que iria acabar em casamento, mas acabou porque eu queria mais da vida.

Algum tempo depois, trabalhei em uma agência que parecia um hospício. Com uma dona que parecia dona de qualquer coisa, menos de agência de publicidade. Um dos doidos de lá era fã de música boa, muito engraçado e muito gente fina. Por causa dele, conheci pessoas que se tornaram importantes na minha vida.

Como teria sido se tivesse escolhido outro caminho aqui e ali? Vai saber. De uma coisa eu sei: a medida do possível é sempre muito pouco pra mim. Já tentei entender o porquê, mas desisti. Acho que não tem nada pra Freud explicar. Nunca encontrei laranja madura na beira da estrada. E sou alérgica a picada de marimbondo. Corra, Elena. Corra. Escreva, Elena. Escreva. Escolha, Elena. Escolha. E veja bem o que merece consideração.