domingo, 8 de novembro de 2009

Hoje eu canto só você, Lenine.


Hoje, acordei cedo e fui direto para a Blip. Pra quem não conhece, a Blip é uma dessas rádios onde se compartilha sessões de músicas e vídeos com ouvintes do mundo inteiro. Lá, se acha de tudo. As pessoas vão se tornando ouvintes das outras por afinidade musical. E, além de se conhecer muita coisa nova e velha, sempre há alguém que “blipa” uma música que você gosta muito, e que não se lembrava mais. Ou uma versão diferente de uma música que você já conhece.

Então, entrei na Blip e encontrei uma música do Lenine, Todas elas juntas num só ser.
Conheci da primeira vez que fui a um show dele. O som estava péssimo, o lugar era horrível. Era uma daquelas calouradas mal organizadas (o que chega a ser redundância). E, ainda assim, o show foi sensacional. Nesse dia, fiz minha última tietagem. Quis chegar perto do Lenine, e consegui. Disse a ele algo do tipo: “só estou aqui porque fiquei muito emocionada com o show, e não resisti”. Ele, do alto de sua elegância e generosidade, apertou minha mão e não soltou mais. Enquanto ele conversava com as outras pessoas, encostava minha mão em seu rosto. Depois, deu um beijo nela e soltou. E eu fui embora feliz.

Lenine faz tudo ficar lindo. Esta música, parceria dele com Carlos Rennó, é uma homenagem à sua esposa, Ana. Foi feita sob uma forma antiga, batida, que tem tudo pra deixar qualquer música óbvia e massante. São sete estrofes imensas, em que ele cita as musas famosas de vários compositores. Da Pastorinha de Noel Rosa à popozuda do Bonde do Tigrão, passando por Luiz Gonzaga, Edu Lobo, Chico Buarque e Fausto Fawcett. E ainda sobra tempo para Funny Valentine, de Lorenz Hart, Madeleine, de Jacques Brel, e Roxane, do Sting.

Apesar de ser perigoso, esse tipo de composição causa uma identificação imediata nas pessoas. Elas se sentem agraciadas pelas referências que conhecem. E, com o Lenine, isso não soa pedante, como observo em compositores que adoram encher suas letras de “erudição”. Zeca Baleiro é um que sabe fazer isso bem mal.

No show de lançamento do seu último álbum, Labiata, aqui em BH, Lenine cantou Feira Moderna lindamente. E a mineirada (que adora enxovalhar o Clube da Esquina) se sentiu homenageada e vibrou com a lembrança carinhosa. Foi bonito mesmo. Gosto de ter por perto gente assim como o Lenine: "fina, elegante e sincera", citando o Nelson Mota, outro cara pra lá de elegante. E, nesse quesito, a vida tem sido muito bacana comigo.
Lenine é um príncipe. E é único na forma de compor, de tocar, de cantar, de se vestir e se portar. “Que nem você, não há ninguém nem quê.

Nos comentários tem o vídeo de Todas elas juntas num só ser.