quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A vida quer achar sua expressão mais simples.



Ná Ozzetti. Pra mim, perfeita. Porque atingiu um grau de simplicidade raro - e tem muita gente que nem se dá conta do quanto ser simples assim é genial. Porque tira tudo o que sobra e lança mão do que tem com delicadeza, elegância. Ela encanta, literalmente, meus ouvidos e olhos (muito míopes).

Essa cantora também sabe escolher suas companhias. Com os compositores, arranjadores e instrumentistas que elege, mostra um pedaço soberano da música atual. Quanto digo atual, não me refiro à chatice conceitual de “música deste século”. Ainda não tivemos no Brasil outro movimento tão forte quanto a Bossa-Nova e o Tropicalismo. E sabe Deus quando vamos ter. Mas há uma infinidade de novos e velhos artistas recriando por todos os lados desse país e do mundo. E isso é pouco?
Não sei o que é (ou será) a música do século XXI. Quem fala em música deste século se refere a quê? Espera o quê? A Ná não espera. Pega e faz muito bonito. Ser irmã de Dante Ozzetti não foi escolha, foi merecimento. Ser da vanguarda paulistana, escolha e merecimento. Na sua companhia tem gente como Paulo e Luiz Tati, Ernesto Nazareth, que é do século atrasado, Jards Macalé, André Mehmari, que é novo em folha, e o inclassificável José Miguel Wisnik.

Venho aprendendo que simplicidade não é pra todos mesmo. Um dia eu vi um Vox Populi com a Elis. Neste programa, o povo entrevistava o artista ou personalidade. Uma moça que passava na rua queria saber porque a Elis estava gravando coisas ruins. Não sei a que músicas ruins ela se referia. Acho que nem a Elis soube. Mas a cantora tratou logo de se defender: “Olha, eu gravo o que tem”. E o que “tinha” era Milton Nascimento, Edu Lobo, Chico Buarque, Adoniran Barbosa, Rita Lee, Ronaldo Bastos, gente desse naipe. Acho que a Ná Ozzetti responderia: “Nossa, mas eu só gravo coisas lindas.”
Simples assim. Ná ponto poderosa ponto com.

“Mais Simples”, do José Miguel Wisnik, está disponível nos comentários, com o autor (olha que luxo) e com a Ná Ozzetti. Aliás, essa música dispensa meus comentários. Os de vocês são sempre bem-vindos. Abaixo, “Show”,com a Ná.

5 comentários:

Helena Machado disse...

Mais Simples:

http://www.mpbnet.com.br/musicos/ze.miguel.wisnik/letras/mais_simples.htm

Unknown disse...

A simplicidade é o maior dom desses seres iluminados. Porque é totalmente contrário ao talento deles e, por incrível que pareça, faz desse talento algo imensurável.
Todas as coisas mais belas do mundo são tão simples quanto inexplicáveis.

Abraços,

Maki

Helena Machado disse...

Que bacana isso, Maki. E fico pensando: será que pra eles é fácil ser simples assim?

Anônimo disse...

Ei, Elena!
Não é fácil ser simples, pq simplicidade é essência. E o que é essência, em um mundo cheio de individualidades banais?
Beijos,
Andrea M.

Helena Machado disse...

É verdade, Déa. Bom que ainda tem gente assim.