quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Viva o cordão azul e encarnado.


Estou me imaginando em outro lugar. Sem velhos amigos, sem sobrinhos, sem cerveja gelada e carne cozida de boteco. Sem lata de amendoim entre as mesas esquentando as costas e as pernas. Muita coisa nova se apresentando, aplacando o vazio, preenchendo o espaço.

Estou me perguntando do que é feita a minha saudade. A saudade do Caetano tem Santo Amaro, tem o “ai” da mãe, o “ui” da irmã. A do Gil e do Dominguinhos tem uma inquietação que chega a doer. “Não sei comer sem torresmo” diz muito da gente. Eu também não sei fazer um tanto de coisa sem mais um tanto de coisa. A saudade do Djavan tem as brincadeiras de infância. Aliás, alguém sabe porque o “Serrado” dele é com “s”? Será que ele se sentiu serrado do passado? Se um dia eu for embora, vou me serrar do estandarte de São João do Carneirinho, do telefone tocando no meio da noite, do lanche servido na cama mole da minha mãe. A saudade tem muita coisa, muita gente, muitos cheiro, muito sabor. Tem quinquilharias mentais - essas, sim, me acompanham por onde vou.

Estou pensando se quando a gente vai embora deixa a impressão de que está mais feliz do que quem fica. Pode ser. E acho que, feliz mesmo, a gente fica é quando volta. Como diz o Gil, uma hora a gente aprende que ter ido foi necessário pra voltar.

4 comentários:

Cris Montheiro disse...

Olha, eu não sei do que é feita a saudade, mas como diz uma música (que, com certea vc deve saber qual é) "a saudade mata a gente..."
E olha que mata hein?!
Mas para não ter que remediar depois, vamos tratar de viver curtindo muito o que nos é mais caro.
E adorei isto: "ter ido foi necessário pra voltar".
Bjssssssss

Helena Machado disse...

E, por falar nisso, que dia vai ser a cerveja, heim?!

Mirinha!!! disse...

Nossa. Li isso e amei o final. Estou indo embora de BH e a cada despedida, eu sofro, mas depois passa. A vida não é linear, não sei qual é meu destino. Quem sabe não é necessário ir pra poder voltar, ou ir pra outro lugar.
Bela colocação!
Bjos!

Helena Machado disse...

Isso passou a ser fundamental na minha vida. Ir. Apenas ir. Pra voltar melhor, sabe? Esse Gil é bacanérrimo, né?