
Enquanto eu montava o repertório do meu primeiro show, um amigo me ligou e colocou uma música pra eu ouvir. Quem cantava era Chico César e a música era “Em nome de Deus”, do Sérgio Sampaio. Até então, dele, só conhecia “Eu quero botar meu bloco na rua” e outra que um querido ex-namorado cantava lindamente, “Viajei de Trem”. Comecei, então, a vasculhar sua vida e obra e descobri coisas maravilhosas. Ele era um daqueles malditos que brigavam com gravadora e, por castigo, ficavam na geladeira. Acontece que ele ficou na geladeira até morrer. Uma pena. O cara tinha uma vitalidade enorme pra cantar e um talento incomum pra compor música boa. Faleceu em 1994, com quarenta e poucos anos.
Naquele primeiro show, não incluí nenhuma música dele. Mas, no seguinte, coloquei logo três. Uma delas é “Meu pobre blues”. Foi composta para o Roberto Carlos, que é conterrâneo do Sérgio. A própria música é um pedido para que o Rei a grave. E como aconteceu com várias outras, feitas com o mesmo propósito, não foi gravada por Sua Majestade.
Quando eu cantava essa música, sentia uma emoção muito forte que, junto com o nervosismo, colocava um nó na minha garganta. Mas eu adorava cantá-la. E sentia que as pessoas gostavam dela, também. A letra é tocante e a melodia e o arranjo são melancólicos, bem ao modo do Roberto. Um amigo me disse que “Meu pobre blues” lhe remete aos parques de diversão que costumava ir quando era criança, em Varginha. Explicada a lembrança: quase todos nós, com mais de trinta, já ouvimos uma música do Roberto Carlos tocando no alto-falante de um triste parque num domingo à tarde.
Quando eu ouço uma música do Sérgio Sampaio, fico mais empolgada em desenterrar coisas esquecidas. Acho fundamental apontar o que há de novo na música brasileira. E não é pouco. Há muita coisa boa rolando longe dos canais tradicionais de mídia e de gravadoras. Mas apresentar o que está esquecido é muito bom também. Adoro quando canto uma música e as pessoas perguntam de quem é ou dizem que conhecem de algum lugar mas não sabem de onde. Como o Sampaio, há vários ilustres quase desconhecidos nessa história. Alguns recebem homenagens póstumas, outros são re-descobertos quando se tornam lavadores de carro ou frentistas, como é o caso de Cartola e Tom Zé. Muita gente, em todos os níveis, reverencia os esquecidos gravando, cantando nos botecos, remexendo nos porões das antigas gravadoras, remasterizando obras inteiras, postando nos blogs. Que bom que isso acontece.
Só consegui colocar aqui a mais conhecida do Sampaio. O bloco dele está na rua do Miçangas. E outros virão.
Naquele primeiro show, não incluí nenhuma música dele. Mas, no seguinte, coloquei logo três. Uma delas é “Meu pobre blues”. Foi composta para o Roberto Carlos, que é conterrâneo do Sérgio. A própria música é um pedido para que o Rei a grave. E como aconteceu com várias outras, feitas com o mesmo propósito, não foi gravada por Sua Majestade.
Quando eu cantava essa música, sentia uma emoção muito forte que, junto com o nervosismo, colocava um nó na minha garganta. Mas eu adorava cantá-la. E sentia que as pessoas gostavam dela, também. A letra é tocante e a melodia e o arranjo são melancólicos, bem ao modo do Roberto. Um amigo me disse que “Meu pobre blues” lhe remete aos parques de diversão que costumava ir quando era criança, em Varginha. Explicada a lembrança: quase todos nós, com mais de trinta, já ouvimos uma música do Roberto Carlos tocando no alto-falante de um triste parque num domingo à tarde.
Quando eu ouço uma música do Sérgio Sampaio, fico mais empolgada em desenterrar coisas esquecidas. Acho fundamental apontar o que há de novo na música brasileira. E não é pouco. Há muita coisa boa rolando longe dos canais tradicionais de mídia e de gravadoras. Mas apresentar o que está esquecido é muito bom também. Adoro quando canto uma música e as pessoas perguntam de quem é ou dizem que conhecem de algum lugar mas não sabem de onde. Como o Sampaio, há vários ilustres quase desconhecidos nessa história. Alguns recebem homenagens póstumas, outros são re-descobertos quando se tornam lavadores de carro ou frentistas, como é o caso de Cartola e Tom Zé. Muita gente, em todos os níveis, reverencia os esquecidos gravando, cantando nos botecos, remexendo nos porões das antigas gravadoras, remasterizando obras inteiras, postando nos blogs. Que bom que isso acontece.
Só consegui colocar aqui a mais conhecida do Sampaio. O bloco dele está na rua do Miçangas. E outros virão.
19 comentários:
Forte isso: "ficou na geladeira até morrer"´
É uma pena que tenhamos que nos render aos apelos de uma mídia que muitas vezes não concordamos, para sermos lembrados e conseguirmos ir adiante.
Estou adorando seu Blog. Bjs
Que bom que gostou, querida. Bom demais te ver por aqui.
Elena.
Oi Elena. Só hoje puder entrar no seu blog. Você escreve muito bem, e agora estou doida para ouvir "Meu pobre blues". Beijocas, Gi
http://app.radio.musica.uol.com.br/radiouol/cdcapa.php?artista=Varios-Artistas&album=Balaio-do-Sampaio-&codcd=003500-2
Este link é do disco Balaio do Sampaio, da Rádio Uol. Tem "Meu pobre blues" com a Zizi e outras músicas dele cantadas por um tanto de gente boa.
adorei. seu blog é meio uma caixinha temporal de música, onde se acham ondas de rádio e notas musicais, algumas até amarelecidas, esquecidas... mas é só você abri-la e supitam acordes bemóis e dissonantes, resgatando as velhas boas canções. de uma forma ou de outra, vc, sua caixinha e seu blog fazem história. parabéns!
Aroeira, você sabe que é o primeiro leitor dos textos desse blog, né? E foi um grande incentivador pra que ele acontecesse. Então, meu amigo, se ele te toca de alguma forma (ainda por cima dissonante) eu fico muito feliz. Beijo.
Helena, estou adorando os seus textos. E aprendendo também. Parabéns!!!
Que bom, minha amiga querida! Muito obrigada pelo carinho de sempre. Beijos.
Cá estou eu "botando meu bloco na rua" para ler e aprender um pouco mais.
Parabéns pelo foco humanista,pelo passear psicológico de você em suas personagens, formatando tudo de forma bela e pertinente.
Um abraço afetuoso.
Janice.
Obrigada, Janice. Como disse à Gillian, acho que se as pessoas estão aprendendo alguma coisa sobre nossa música, mesmo que de forma muito particular, e estão se interessando pela obra dos caras, o Miçangas está cumprindo seu propósito. Pra mim é um prazer enorme ter amigos queridos, pessoas interessantes e que eu respeito muito, comentando esses textos. Não sabia que seria tão bom. Tô adorando a brincadeira.
Beijo grandão pra você.
lembro de uma menina
voz doce
entrando em casa homenageando
um bebê que mamava na mamãe bianca
e, fruto de um grande amor,
só podia mesmo ganhar o nome de vinicius
lembro do sorriso florido
varando as madrugadas
contando casos de amizade
lembro da cantoria feliz
nas rodinhas de violão
e todos eram "dia branco".
E eu vou sempre me lembrar desse amigo tão doce e tão querido que me faz morrer de chorar num sábado de manhã.
Léo, encontros como esses que tínhamos na sua casa, outros na casa da Bia (que renderam aquelas histórias que você conhece, rs..)é que trouxeram a música pra mais perto de mim. Lembro-me de que foi pra sua mulher que falei, pela primeira vez, da minha vontade de ser cantora. Éramos duas meninas, ainda, descobrindo as madrugadas e os bares de Belo Horizonte. É bom sentir que muito tempo se passou e eu ainda tenho vocês por perto. E que essas histórias estão muito vivas. Beijos, querido, e obrigada pelo carinho.
Tem música nova no Miçangas.
Beijo.
conterrâneo nosso também.
Sol na Garganta do Futuro.
Quero conhecer vocês.
Nelson Gonçalves no Miçangas.
Elena,
Essa música do Sérgio Sampaio tem o poder de remeter à mais profunda nostalgia... como podemos ser um país de primeiro mundo se não cansamos de desperdiçar Poetas como ele? Adorei seu blog. Também coleciono milhares de coisas e músicas antigas. Um abração.
helderdesign@bol.com.br
Bem-vindo, Helder! Que bom que gostou. Vou retribuir a visita. Abraço e muito obrigada.
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