domingo, 6 de julho de 2008

Eu já nem sei se eu tô misturando.

Outro dia fui assistir, pela segunda vez, a uma peça do grupo de teatro de uns amigos, a Cia Luna Lunera. Se tivesse tempo, iria ver mais uma vez. A montagem foi feita a partir de um conto do Caio Fernando Abreu, “Aqueles Dois”, do livro "Morangos Mofados". Fala de um relacionamento entre dois homens, Raul e Saul, que se trava em uma repartição pública fria, no frio de São Paulo, sob olhares frios, incomodados com o amor daqueles dois. É de uma delicadeza cortante. Na trilha, "Amor meu grande amor", "Preciso dizer que te amo", "Nothing compares to you". "Tu me acostumbraste" e outras que falam de amor. Algumas são citadas no próprio texto e outras foram pinçadas com muita sensibilidade pelo grupo.

Chorei, mas saí do teatro eufórica, transbordando amor pela vida e pelas coisas que ela me dá. Coisas valiosas como o próprio amor, uma música, um filme, um amigo, um sorriso, um livro. A vida me permite ver muito bem a beleza disso tudo. E me permite amar as pessoas, sem culpa e sem medo. Tem muito sentimento saltando de nós pra gente querer sufocar logo os mais bacanas.

No texto, Raul fala de não ter correspondido a um abraço da sua mãe, por um daqueles resquícios inexplicáveis de adolescência que nos faz ter vergonha de demonstrar e receber afeto de quem a gente mais ama. Isso acontece com muita gente, eu sei. E também não estou livre disso. Mas amor, cumplicidade, amizade, a gente mostra até na bandeira de um sorriso, como diz a música. Vale muito. O que importa é trocar sentimentos que nos fazem melhores. A vida é bela, gente. Só nos resta viver.

Nenhum comentário: