domingo, 6 de julho de 2008

Não sei se eu estou pirando ou se as coisas estão melhorando.


Ontem vi, em uma espécie de making of do carnaval baiano, Daniela Mercury falando despretensiosamente sobre o Wando, sobre o que ele representa para a música brasileira e de como nos apropriamos das histórias dela, como se fosse a nossa própria história. Pensei, então: é isso que me faz escrever esses textos. Desde criança eu tenho o hábito de buscar uma música para ilustrar o que alguém diz ou o que eu mesma digo, vivo. Sem esforço. É um prazer.

Um dia minha analista me pediu que escrevesse o que eu estava sentindo e entregasse a ela. Percebi que seria muito mais eficaz se eu levasse pro consultório a letra da música que tinha martelado minha cabeça durante a semana. Foi o que eu fiz, e deu muito certo.

A música Mamãe Natureza me diz muita coisa desde que a ouvi pela primeira vez. Meu irmão me aplicou e eu saí dançando feito doida pela casa. Como eu era criança, certamente ela me pegou pela veia de rock da Rita Lee, pela melodia e ritmo pra lá de contagiantes. Mas continuou me martelando à medida em que fui crescendo. Já vivi muitas questões parecidas com as dessa letra. Especialmente, “Não sei se eu vou ter algum dinheiro ou se eu só vou cantar no chuveiro.” Esta já me custou algumas sessões de análise. Mas, um dia, me deram alta.

Ando cantarolando essa música novamente. Acho que as coisas estão melhorando. Ou, então, estou pirando mesmo. Me sinto acolhida. Se é pela mãe-natureza, por minha mãe, por meus amigos ou por mim mesma, não sei. Não tem mais ninguém fora dessa lista pra me colocar no colo. Disso eu sei. Mas é bom o que estou sentindo agora. Sou uma planta com raíz, caule e folhas. Tenho cabeça, ombro, joelho e pé. Parece que não me falta nada. Me dei alta. 

05 de maio de 2008.

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