sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Mas sei o que me importa e quero ter comigo.



Patrulha ideológica faz tudo envelhecer. Inclusive a gente. E ver música sob esse molde deixa tudo duro, engessado. Alguém imaginaria uma parceria do Cazuza com a Joana? Aquela mesmo, do “namorado ocupado”. Pois eles têm uma linda. A cantora fez uma música muito especial pra letra dele e saiu “Nunca sofri por amor”.

Eu fico pensando em quanta coisa se perde ou deixa de acontecer em nome desses nossos ransos. Continuo não suportando música descartável, feita pra vender horrores em quinze dias. Mas espero ter sensibilidade suficiente pra sempre descobrir coisas boas, de onde quer que elas venham. Outro dia me deparei com algo que, por birra e por preconceito, achava impossível existir: uma música boa da Ana Carolina. E pra sorte dela (e minha) quem cantava era a Zizi Possi. Mas se a música fosse ruim não teria jeito. Nem Zizi salvaria. Dizer que uma música é boa ou ruim é no mínimo subjetivo, eu sei. Cada um tem seus padrões, conceitos e preferências. Chamamos isso de gosto. E gosto, meus amigos...

Bem no estilo da poesia do Cazuza, a letra de “Nunca sofri por amor” esconde uma certa delicadeza no discurso de auto-suficiência excêntrica que já começa pelo título. Acho bonito quando sai doçura desses rompantes agressivos. Por exemplo, adoro os momentos delicados da Cássia Eller. Levantar a blusa no show e coçar o “saco” num desfile de moda era bem a cara dela. Mas, ficar encabulada e ser respeitosa também era. Ela sabia ser muito delicada nas interpretações, como se não fosse a mesma pessoa que cantava “Rubens, não dá”. É desse contraste que eu gosto. Um dia trombei literalmente com a Cássia Eller no caminho do banheiro de um bar daqui. Como eu costumo dizer, ela foi “uma fofa”, na forma de olhar, de pedir desculpas, de sorrir. Com o Cazuza eu nunca trombei. Mas sei que, entre outras coisas, ele também sabia ser doce, e que era um confesso apaixonado pelos amigos. Dizia que ficar entre eles era o que mais lhe fazia feliz.

A Joana ficou conhecida nos anos 80 cantando coisas bem sofríveis. Mas, que é uma grande intérprete, não dá pra negar. Pra quem não sabe, ela é a musa de “Nos Bailes da Vida”. E eu sempre achei que pra ganhar uma homenagem dessas era preciso ter uma história muito interessante. E ela tem. Um dia, buscou o caminho que ia dar no sol.

“Nunca sofri por amor” está aí pra vocês, junto dos comentários.

5 comentários:

Helena Machado disse...

http://app.radio.musica.uol.com.br/radiouol/player/frameset.php?opcao=umamusica&nomeplaylist=008796-8_05<@>Cazuza_-_Faz_Parte_do_meu_Show_-_Canções_e_Intérpretes_de_Cazuza<@>Nunca_Sofri_Por_Amor<@>Vários_Artistas<@>0441<@>Joanna<@>BMG_Brasil<@>RCA

Walquíria Raizer disse...

como diz os mineiros: paixonei. tú é uma lindeza mesmo elena. torna as coisas mais bonitas.
vou ouvir música agorinha
:)

Helena Machado disse...

Wakquíria,
eu já te disse que você e a feira de São Cristóvão são o melhor do Rio agora pra mim? Olha só! O melhor do Rio veio do Acre... Beijos, minha querida!

Walquíria Raizer disse...

respondi lá no caso poetico. pra minas gerais.
um beijo querida. obrigada por ser assim, tão sem h.

Helena Machado disse...

COISA MAIS LINDA DO MUNDO. Olha lá, gente: http://www.umcasopoetico.blogspot.com/