domingo, 6 de julho de 2008

O beijo, depois o café, o cigarro e o jornal.


Não é que eu goste do Roberto Carlos. É que eu adoro. E adoro suas parcerias com o Erasmo. As músicas deles falam de coisas simples e muito presentes. A figura do Rei, seu carisma, seu amor pelo que faz, tudo isso me emociona. Acho uma pena ele estar tão perturbado e não compor mais músicas como “Costumes”. Esta certamente foi feita para a Nice, já que ela e Roberto haviam se separado pouco tempo antes do lançamento de seu LP de 1979.

“Costumes” fala da falta que aquelas coisinhas pequenas feitas a dois nos fazem: a primeira conversa da manhã, quando o "bom dia" não faz muito sentido, o beijinho, os encontros com os amigos. Sabe aquela sensação horrorosa de que perdemos alguma coisa, de que estamos deslocados em nosso próprio espaço? É assim que essa música pega a gente e dá uma lambada. Mas é quase um fado, de melodia simples e sentimental.

O Roberto e a Bethânia cantam “Costumes” Ad libitum, que significa “à vontade”. Em Música, quer dizer que o intérprete tem uma certa liberdade para dividir, que não está preso a um ritmo marcado. Aliás, muitos fados são cantados e tocados assim. Penso que seja para dar ao ouvinte um tempo para se embriagar da música e da interpretação, e refletir sobre suas próprias dores. E se a saudade dói tanto, com fado ou sem, é porque foi bom, porque os costumes nos fizeram felizes um dia. É por isso que eu adoro o Roberto e o Erasmo.

Há pouco tempo assisti a uma entrevista da Nara Leão, da época do lançamento de seu LP só com músicas da dupla. Ela disse que precisou se despir de muitas coisas pra interpretá-las como deveria. Certamente, depois de sua fase bossa-nova, seguida do engajamento social, deve ter sido difícil cantar coisas pouco subjetivas como “eu te proponho nós nos amarmos.” É por isso, também, que eu adoro a Nara. Pequena, simples, corajosa e livre. Ser livre assusta. É dói se libertar dos costumes. É assim mesmo. Eu sei.

27 de março de 2008.

2 comentários:

Anônimo disse...

Quando será o próximo show?

Helena Machado disse...

Em outubro, se Deus quiser. Depois de quase dois anos, não vejo a hora de voltar a cantar.